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  • Mariana Schuchovski

Net-zero e Nature-positive: diferentes e complementares



Em pleno século XXI, estamos diante de um dos maiores desafios da nossa existência: como harmonizar o avanço socioeconômico com a conservação do meio ambiente?


Nesse cenário complexo, emergem dois conceitos-chave: net-zero e nature-positive. Longe de serem ideais distantes, esses conceitos se apresentam como necessidades urgentes para a garantia da sustentabilidade global.

 

 

Net-zero: Um Imperativo Climático

 

Conforme evidenciado em diversos relatórios climáticos, como os do @IPCC mais recentes, a mera mitigação das emissões de gases de efeito estufa (GEE) não é suficiente. O desafio reside na transformação fundamental de sistemas energéticos, industriais e agrícolas, redefinindo os padrões de produção e consumo, com políticas ambiciosas e inovações tecnológicas disruptivas.

 

O conceito de net-zero tem sido amplamente discutido em fóruns climáticos e políticas ambientais, pois reflete a necessidade imediata de neutralizar as emissões de gases de efeito estufa (GEE) que impulsionam as mudanças climáticas. No entanto, o conceito vai muito além da neutralização das emissões de carbono, implicando em reduzir drasticamente as emissões antropogênicas e compensar quaisquer emissões residuais através de práticas de captura (sequestro) de carbono.

 

Alcançar este objetivo não é apenas uma questão de cumprir metas quantitativas, mas também de garantir uma transição justa e equitativa para todas as comunidades, especialmente aquelas mais vulneráveis aos impactos das mudanças do clima.

 

 

Nature-positive: Restaurando o Equilíbrio

 

Enquanto o net-zero foca nas emissões de GEE, o conceito de nature-positive aborda a necessidade crucial de regenerar ecossistemas degradados e conservar a biodiversidade. Em contraste com abordagens anteriores que visavam simplesmente minimizar danos ambientais, a agenda nature-positive visa criar um saldo positivo, de forma que as atividades humanas promovam a saúde e o equilíbrio dos ecossistemas.

 

A degradação ambiental, resultado de práticas insustentáveis como desmatamento, poluição e urbanização descontrolada, compromete não apenas a biodiversidade, mas também os serviços ecossistêmicos vitais, como regulação climática, purificação da água e polinização. Restaurar ecossistemas e promover práticas agrícolas e industriais regenerativas não só protegem a natureza, mas também fortalecem a resiliência socioeconômica individualmente das pessoas e coletivamente da sociedade.

 

 

A Interconexão dos Conceitos

 

Embora distintos, os conceitos de net-zero e nature-positive são fortemente interligados. A transição para uma economia net-zero depende da integridade dos ecossistemas, enquanto a restauração ambiental requer redução drástica das emissões. Essa interdependência ressalta a necessidade de uma abordagem integrada para a sustentabilidade, que reconheça as complexas interações entre o clima, a biodiversidade e o bem-estar humano.

 

Além disso, ambos os conceitos implicam uma mudança fundamental nas relações humanas com a natureza, transcendendo paradigmas antropocêntricos para reconhecermos nossa interdependência com o mundo natural. Isso exige não apenas a adoção de tecnologias limpas e abordagens mais conscientes e responsáveis, mas também uma transformação cultural e de valores.

 

Uma transição bem-sucedida para um futuro sustentável requer não apenas a neutralização das emissões de carbono, mas também a regeneração dos sistemas naturais que sustentam a vida em nosso planeta. Somente integrando essas duas agendas podemos esperar enfrentar os desafios complexos e interconectados da crise climática e da perda de biodiversidade.

 

 

O Caminho à Frente

 

A urgência das crises climática e da biodiversidade reforça a necessidade de visão sistêmica e cooperação global, com comprometimento de todos os setores da sociedade, além do protagonismo visionário de lideranças. Da esfera governamental ao empresarial, do local ao global, cada ator desempenha um papel vital na construção de um futuro sustentável.

 

Sabemos que o sucesso não será medido a partir de indicadores bem ranqueados e metas alcançadas, mas sim da capacidade de criar sociedades resilientes, prósperas e em harmonia com a natureza. Net-zero e nature-positive não são apenas objetivos a serem alcançados, mas princípios orientadores para uma nova era de desenvolvimento humano, em que a prosperidade seja inseparável da saúde do planeta e do legado que deixaremos para as gerações futuras.

 

 

 

Mariana Schuchovski é Palestrante, Consultora e Professora em Sustentabilidade e ESG, com mais de 20 anos de atuação profissional, Doutora em Ciências Florestais pela UFPR e NCState (USA), CEO da Verde Floresta.

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