As empresas querem ser mais sustentáveis, mas será que esta é uma tarefa simples?
A maioria das organizações reconhece a importância da sustentabilidade em suas estratégias de negócios, mas muitas ainda enfrentam dificuldades significativas para financiar seus investimentos nessa área.
Esta é a realidade apresentada no estudo realizado pela IBM em 2024: "Beyond checking the box – how to create business value with embedded sustainability", indicando o desafio constante das empresas de equilibrar objetivos financeiros a compromissos sustentáveis.
O estudo revelou que quase um terço (30%) dos executivos entrevistados afirma ter feito progressos significativos na execução de sua estratégia de sustentabilidade, mas transformar ambições em impacto continua sendo um desafio.
Nessa mesma pesquisa, quase metade dos executivos entrevistados relatou dificuldades em financiar iniciativas sustentáveis, evidenciando que, embora a consciência sobre a importância da sustentabilidade esteja em alta, a transformação dessa consciência em ações concretas e sustentáveis economicamente ainda enfrenta barreiras substanciais.
Este cenário é demonstrado também no artigo “Why 2024 is the year sustainability develops a credible business case” do Fórum Econômico Mundial, que aponta que, embora o entendimento do “business case” para a sustentabilidade tenha triplicado globalmente entre 2022 e 2023, os investimentos sustentáveis ainda representam uma fração mínima (menos de 1%) da receita total das empresas. Isso reflete uma hesitação em investir em sustentabilidade, apesar do aumento da compreensão sobre o retorno desses investimentos.
As empresas precisam focar em áreas onde podem ter maior impacto, como a implementação de práticas de economia circular e o uso de tecnologias climáticas.
O estudo da IBM também destaca que empresas que integram a sustentabilidade em suas operações diárias tendem a obter melhores resultados financeiros e de sustentabilidade, gastando menos que seus concorrentes. No entanto, apenas 31% dos executivos entrevistados relataram estar utilizando dados de sustentabilidade de forma abrangente para melhorias operacionais. Este dado sugere que muitas organizações ainda tratam a sustentabilidade como um projeto isolado ou uma questão de conformidade, em vez de integrá-la profundamente em suas operações. Isso limita o potencial de inovação e os resultados financeiros, conforme também observado pela Capgemini Research Institute, que destaca a necessidade de um foco maior em emissões de Escopo 3 e na adoção de tecnologias sustentáveis para realmente avançar na sustentabilidade.
Mas, no meu ponto de vista, um ponto bastante crítico é a disparidade nos investimentos em relatórios de sustentabilidade versus inovação sustentável, com uma diferença de 43% entre esses dois tipos de gastos.
A priorização da conformidade é considerada mais importante do que a inovação, o que pode frear o progresso real rumo à sustentabilidade.
Além disso, a falta de habilidades necessárias para impulsionar iniciativas sustentáveis é citada como a principal barreira para o avanço, evidenciando a necessidade de desenvolvimento de talentos em sustentabilidade.
De forma complementar, um estudo da IMD identifica tendências emergentes que reforçam a importância da sustentabilidade. A adoção de tecnologias como inteligência artificial e observação ambiental estão criando o que se chama de "inteligência da natureza", permitindo que as empresas capturem e analisem dados ambientais de forma mais eficiente. Isso, aliado à crescente expectativa por práticas empresariais que respondam às exigências sociais e ambientais, mostra que o ambiente empresarial está em transformação.
Por fim, é importante destacar as expectativas crescentes em relação às tecnologias emergentes, como a inteligência artificial generativa, que são vistas como fundamentais para impulsionar os esforços de sustentabilidade.
Esses dados refletem um desejo crescente por soluções inovadoras que possam enfrentar e superar os desafios atuais:
64% dos executivos entrevistados concordam que a inteligência artificial generativa será essencial para apoiar seus esforços de sustentabilidade.
73% afirmam que pretendem aumentar seus investimentos em inteligência artificial generativa voltados para a sustentabilidade.
Contudo, para que essas tecnologias sejam eficazes, é crucial que as organizações integrem a sustentabilidade em suas estratégias de negócios de maneira holística, utilizando dados de qualidade e alinhando suas estratégias de sustentabilidade com as de negócios. Somente assim será possível transformar as ambições de sustentabilidade em impacto real e tangível, tanto para o meio ambiente quanto para os resultados financeiros.
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Mariana Schuchovski é Palestrante, Consultora e Professora em Sustentabilidade e ESG, com mais de 20 anos de atuação profissional, Doutora em Ciências Florestais pela UFPR e NCState (USA), CEO da Verde Floresta.
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